sábado, 11 de agosto de 2012
From Lebanon, with love
A antiga Byblos, atual Ajibail, foi minha primeira parada. Ruínas romanas antigas, um zouk cheio de bugigangas para turistas, um mar lindo e paisagens de filmes. Visitamos também a região fronteiriça de Israel onde o Hizbollah tem um “sight seeing” turístico, uma espécie de museu da guerra com Israel. Impressionante! Sente-se a raiva no ar. Não foi como outros museus que lembram a guerra que visitei, onde em geral sente-se a tristeza de vidas perdidas. Lá, há o orgulho dos mártires da resistência e dos soldados inimigos que morreram nos tais campos. Exposições de armas, canhões, artilharia pesada, equipamentos de espionagem. Até um túnel recriando a vida nos tempos de guerra havia. Confesso que era de tremer um pouco as pernas. Mas foi uma experiência única estar num lugar onde coisas tão recentes aconteceram; mais ainda é poder ver e ouvir das pessoas o sseus pontos de vista sobre a situação ao invés de seguir os acontecimentos pela mídia. Nesse mesmo dia terminamos a noite em Tyre, atual Sour. Linda praia, cheia de barraquinhas na areia. Jantamos num restaurante que servia um delicioso peixe fritinho. A família Habib me levou também para conhecer a região dos vinhedos, lozalizada entre duas cadeias de montanhas, mais ao norte de Beirute; passamos a noite em Zahle, uma cidade super bonitinha que me lembrou muito Iguape. Lá estavam os doceiros vendendo todas aquelas guloseimas à beira do riacho. Baalbek, perto da fronteira com a Síria, é um patrimônio incrível. Um templo romano ainda muito preservado e um sonho para quem gosta de história. É impressionante o sentimento de pequenez ao ver toda aquela grandiosidade. Nosso guia lá era libanês de origem brasileira. Ficou felicíssimo e não parava de enviar abraços a todos os “compatriotas”, gente muito acolhedora, segundo ele. Explicava que no antigo império romano a ordem era dada por “Deus, a mulher e o homem”. Ordem esta muito contestada pelo irmão chato (muito chato) da Nahed mas eu com minha boca grande não resisti em responder “Vês Habib (me dirigindo ao pai), os homens de hoje não constroem coisas tão lindas como estas”. Habib concordou sem hesitação. Comi tudo o que havia para experimentar, desde os conhecidos de sempre como esfihas, pão sírio, tabule (nada como o tabule da mãe da Nahed, aliás), kibe cru até fígado de galinha cru. Em cada refeição tinha a impressão que comíamos como uma família de dez, éramos geralmente quatro.
Habib, em árabe, significa “meu amor”. Nahed e seus pais refletem muito bem a beleza desse sentimento. Agradeço mais uma vez à essa família por me acolher tão bem em sua casa e me fazer viver toda essa experiência. Hei de voltar um dia.
PS> Minha amiga Nahed casou-se em 2010 e 6 meses depois sofreu um aborto espontâneo, quando foi diagnosticada como portadora de esclerose múltipla. Foi “divorciada” (sim, em casamentos muçulmanos apenas uma parte toma a decisão, o homem) enquanto ainda estava hospitalizada após ter perdido a visão temporariamente sem que tivesse a chance de vê-lo de novo. Apesar dos dias difíceis conserva no rosto um sorriso lindo, uma vontade de viver. Não reclama de nada e tem muitos planos para o futuro. Fez-me pensar como reclamamos demais da vida.
terça-feira, 22 de maio de 2012
Eles são demais
Amarante é um autista charmoso. Canta com a alma, como se mais ninguém estivesse ali olhando para ele. Camelo tem aquela voz mansa que enlouquece. Barba não cabia em si na bateria.
Nunca fui muito fã de artista nenhum em especial mas deles eu conheço quase todas as músicas, canto com paixão e me descabelo quando vejo-os entrar no palco. Danço, fecho os olhos, me deixo levar, é simplesmente delicioso. O arranjo musical é fenomenal, a melodia original e as letras sempre me lembram algo ou alguém.Parecem músicas feitas assim, para a vida.
Das 25 músicas acho que não cantei 3 das quais uma era nova mesmo. Relembraram todos os discos, incluindo a alegria do “Bloco” ao intimismo de “4”; tocaram Ana Julia no bis sem tanta empolgação mas não com menor destreza. Acho que era uma maneira de mostrar que não esqueceram aquela ex-namorada que os fez viver bons momentos mas que deixou de ter muito a ver com eles.Queria ter ouvido o Camelo cantar "Santa Chuva".
Senti saudades, esperam que dessa vez tenham voltado para ficar.