sábado, 25 de janeiro de 2014

Ao amor da minha vida



E pensar que no início te odiei. Não quando te conheci, no começo, quando era só uma paquera, um caso..pelo contrário, achava muito divertido passar os fins de semanas e depois ir embora, voltar para a vida normal. Porém quando fui levada a tornar a relação tão mais séria e definitiva, não gostei, não queria, mas era uma grande oportunidade, um mal a viver. Lembro-me ainda que no primeiro dia com você, em 2003, vi um homem lavar o rosto de manhã em numa poça de lama. Era você, mostrando sua cara logo de início, sem rodeios, sem disfarces, o “avesso do avesso” como já diriam por aí.
Ao menos você sempre foi assim, sincera, honesta, nunca fez falsa propaganda de lindas paisagens, céu azul, gente bonita e bem disposta. Acho que hoje, é por isso que eu te amo tanto, porque você sempre se mostrou de verdade, a nós de decidir se gostamos ou não. 

Demorou um bom tempo para a gente se entender. Eu precisava esquecer o passado e entrar nessa nova vida de peito aberto e coração, na época um tanto machucado, livre. Aos poucos fui te conhecendo melhor e descobrindo o seu lado mais humano, mais dinâmico, mais brilhante. Aos poucos os bares da Vila Madalena foram virando o recanto de quem busca esquecer o concreto, os arranha-céus e a fumaça que nos impede de ver as estrelas em certas noites. Ah o centro, esse lugar feio e lindo demais para se passar um domingo. A Avenida Paulista, onde tantas vezes fui para me encontrar de novo, me sentir anônima, me sentir parte do mundo; Augusta e meus cinemas e noites preferidos, pôr do sol na Praça e tantos outros lados seus que me restam ainda conhecer. Tá aí, umas das coisas que me fascina, você ainda tem tanto a descobrir. Gente de todo o tipo, de todos os lados que você acolheu desde sempre.
Dia após dia fui me apaixonando, pouco a pouco, quanto mais gente eu conhecia. Foi com você que conheci as melhores pessoas que a vida poderia ter colocado em meu caminho, meus amigos de faculdade, os amigos dos amigos, gente apaixonada em viver a vida como se não houvesse amanhã, gente apaixonada por conhecer o mundo, gente disposta e resolvida a dar certo.

Ninguém aí é nativo mas todos se encontram em algum canto da cidade. Você sempre acolheu a todos. Sotaques caipiras, baianos, gringos e todo tipo de gente. E acho que é essa diversidade incrível que te faz tão brasileira, reflexo do país que acolhe há tanto tempo gente de todo o lugar, que se mistura e dá vida a esse quebra-cabeça tão bonito e desconcertante ao mesmo tempo. Você é difícil de entender, exige tempo e dedicação. Mas o amor que sinto por você é tão gostoso que olhando para trás, hoje, todos os dias difíceis e de crises valeram a pena. Acho que era para fortalecer ainda mais esse amor, essa paixão

Hoje estamos longe, eu te larguei, é verdade, te deixei por outro alguém. Eu precisava respirar outros ares, conhecer gente nova, viver outras aventuras. Sempre souberam que eu era do mundo. Sinto saudades mas sei que um dia a gente se encontra de novo e você vai me receber assim, com um tapa na cara mostrando que nada do que eu acho é simples e fácil. Vai ter aqueles lugares feios, gente que nos faz repensar a vida, e tudo o que sempre é quando chegamos por aí. Mas aí eu sei que vamos sair para tomar uma cerveja no Genésio, ir comer coxinha no Veloso, rir a toa pela rua, passar uma noite daquelas..e sei que vai ser tudo lindo de novo. Enquanto isso, antes de a gente se ver de novo e mesmo longe...Parabéns São Paulo pelos 460.
Dessa paulistana nascida aqui e de coração.

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